A Inês   Não me sorrias à sombria fronte,  Ai! sorrir eu não posso novamente:  Que o céu afaste o que tu chorarias   E em vão talvez chorasses, tão somente.   E perguntas que dor trago secreta,  A roer minha alegria e juventude?  E em vão procuras conhecer-me a angústia  Que nem tu tornarias menos rude?   Não é o amor, não é nem mesmo o ódio,  Nem de baixa ambição honras perdidas,  Que me fazem opor-me ao meu estado  E evadir-me das coisas mais queridas.   De tudo o que eu encontro, escuto, ou vejo,  É esse tédio que deriva, e quanto!  Não, a Beleza não me dá prazer,  Teus olhos para mim mal têm encanto.   Esta tristeza imóvel e sem fim  É a do judeu errante e fabuloso  Que não verá além da sepultura  E em vida não terá nenhum repouso.   Que exilado - de si pode fugir?  Mesmo nas zonas mais e mais distantes,  Sempre me caça a praga da existência,  O Pensamento, que é um demônio, antes.   Mas os outros parecem transportar-se  De prazer e, o que eu deixo, apreciar;  Possam sempre sonha...